Hoje vamos mostrar para vocês como existem pessoas sem noção neste mundo. Essa história foi antes da Taymara colocar a traqueostomia. Ela, já portadora de marca-passo tinha retorno marcado com o cardiologista. Lá fomos nós, para São Paulo. Após a colocação do marca-passo, Taymara teve uma melhor qualidade de vida, menos convulsões mas, estava começando a fase das paradas respiratórias. A viagem até São Paulo, foi uma aventura pois, ela passou muito mal no carro. Chegando ao estacionamento do consultório, ela teve uma convulsão, a pressão estava 80/30. Levamos ela carregada e precisávamos colocar ela deitada na posição correta. Na recepção, haviam dois seguranças na porta que não moveram um dedo para ajudar, já fiquei nervosa. Lá dentro, tinham dois sofás, um para dois lugares e outro para três. Precisávamos esticar ao máximo o corpo da Taymara. No sofá maior havia uma mulher sentada então eu disse: "Não gosto que minha filha fique no chão e ela não cabe no outro sofá. Será que a senhora poderia trocar de lugar?". A maluca olhou para a minha cara e falou: "Deixa ela ai no chão mesmo. Isso é frescura de filhinha de mamãe". Cristiane olhou para minha cara e falou: "calma Pata". Não vi mais nada pela frente e gritei: "ou levanta ou te arranco a força". A mulher começou a gargalhar e minha filha continuava lá, jogada no chão. Os seguranças já ficaram de olho. O recepcionista falou: "Gente, o psiquiatra dela esta atrasado, ela é perigosa, vão com calma." Eu não quis saber e respondi "Ela é perigosa? Vocês vão ver quem é a perigosa aqui". Os seguranças já do nosso lado e ela falando um monte de besteiras: "Menina nojenta, estribuchando no chão". Não tive duvida, catei a louca pelos cabelos. Os seguranças, assustados, mandaram chamar a policia, nesse meio tempo a Cristiane, com a ajuda de outras pessoas conseguiu colocar a Taymara no sofá. A mulher continuava a gargalhar, empurrei-a e ela gritou "isto é uma agressão". O segurança me segurou e a Cristiane pediu: "Pata, pelo amor de Deus, já conseguimos o lugar, me ajuda com a Taymara".
Nisso escuto uma voz, era o psiquiatra da maluca chegando. Olhou para ele e disse: "Olha a mimadinha ali dando um show". Ele nos pediu desculpas, pegou ela pelo braço e eu gritei: "Ela tem que ser proibida de conviver em sociedade, é uma ameaça". Nisso um dos segurança estava falando com a policia, e o outro que estava ao meu lado disse que eu estava errada pois ninguém é obrigado a ceder o lugar. Falei para ele: "Não te perguntei nada e o minimo que vocês tinham que fazer era nos ajudar a carrega-lá". Ele ainda respondeu: "Esta não é nossa função senhora. Só temos que manter a ordem por aqui". Muitos episódios se apagaram da minha memória após esses anos todos, este não. Olhando aqueles dois guarda-roupas, de terno, microfone na lapela, surto até hoje ao lembrar. A mulher sentada, perigosa ou não, era doente mental. Mas, e estes dois, seriam humanos? Até hoje, me parecem muito piores do que aquela destrambelhada. Logo após, fomos chamadas para a consulta. Não tenho raiva deles mas, quando me recordo gostaria de ter furado os olhos de pelo menos um deles. Me pego a pensar onde estarão essas figuras? Que o cara lá de cima as protejam. Já demos muitas risadas lembrando destes episódios.
Taymara antes da traqueostomia. Uma linda mulher
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