terça-feira, 26 de maio de 2015

A pururuca da morte

Dias complicados, aniversário de Taymara, dia 14/04/2010. Grana curta, ela pede para ir ao shopping comer uma língua de gato. Passando muito mal, lá fomos nós. Sentadinha comendo seu chocolate, as gordinhas Eu (Fátima, mãe de Taymara) e Cristiane, tomando um cappuccino com chantilly hummmm. Taymara vira e diz: "estou muito mal".  Largamos tudo e saímos correndo com ela. No shopping, daria muita confusão, eles tem enfermaria, chamam resgate, seguem os protocolos, tínhamos que sair dali. Não deu tempo. Já no estacionamento, Taymara caiu dura. Começou a puxar o ar, era mais uma parada respiratória. Gritávamos "saiam todos, trás o carro, vamos embora". Neste tempo chega o bombeiro, todos gritam, e eu digo: "Ela volta a si sozinha, não é nada é assim mesmo". E nada do carro. Eu levava uma tampa de caneta BIC para cima e para baixo, para o caso de ter que furar sua traquéia, o bombeiro chamou o resgate e eu disse: "o problema é seu. Nós não vamos". Chega o carro, gritamos por ajuda colocamos a Taymara no banco de trás, nisso ela começa a espumar uma baba marrom. Olhamos uma para outra e dissemos ao mesmo tempo: " ELA ESTÁ MORRENDO " O povo em volta com olhar de reprovação, nos criticando. Cristiane acelerou o carro, saímos do estacionamento do shopping, paramos na rua, fiz respiração boca a boca, massagem no diafragma. De repente, um tranco, ela desmaia, babando. Chegamos em casa, a colocamos na cama. Eu ainda não havia contado ao neurologista sobre as paradas constantes, foram mais de 6 meses, todos os dias, eu temia ter que fazer a traqueostomia, não falava sobre isso com ninguém. Ela voltou a si, sentamos no sofá da sala mudas, ela no quarto com os lábios ainda roxos e toda suja. Cristiane diz: "Pata preciso falar uma coisa, não fica brava!" Eu: "Fala Cris", ela disse: "A Taymara teve a pururuca da morte". E eu "o que?" Cristiane contou: "Minha avó morreu assim. Deu 3 trancos estava babando marrom deu um suspiro e morreu, a Taymara vai morrer nas nossas mãos, ela teve a pururuca da morte". Vão me achar maluca, mais olhei para ela e comecei a gargalhar e ela disse: "O que é isso? Falo que a pururuca mata e você ri?".  Eu não parava de rir e ela: "para sua maluca" e também começou a rir. Taymara nos chama, e pergunta: "Por que estão rindo", as duas respondem: "por causa da pururuca",  Taymara pergunta: "o que?" digo: "nada filha, algo que nos contaram". Hoje poderia ter minha filha morta, não tinha extensão da gravidade, só queria que ela vivesse e fosse feliz. Deus quer ela aqui conosco. Hoje tenho certeza disso. Em breve contaremos a vocês o dia da cirurgia da traqueostomia. Dei um show!!!!

5 comentários:

  1. Hoje é piada mas no dia... Ainda bem que passou e tenho Fé em Deus que tudo isso vai passar.

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  2. Se a Tay não estivesse tão mal, penso que iríamos rir novamente.
    Não tínhamos a dimensão dos riscos!!! Obrigada Cris!!!

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  3. Nooossa....Graças a Deus está conosco!

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  4. Lembro do dia que a madrinha precisou sair e fiquei sozinha com a Tatinha, bem nessa fase, ele começou a ficar roxa e me pedir ajuda para respirar...foi desesperador! Graças aos amiguinhos e a Deus ela ficou bem! Mais que susto! Amo muito vocês!

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